Eram meados da década de 50 (1956). Antônio Farias de Vieira (o Cabeludo), nascido na cidade de Vigia - Pará. Casou-se com uma jovem da família Croelhas e veio morar no bairro do livramento, em Icoaraci. Cabeludo era um pintor letrista, fazia faixas, murais, etc. Um dia folheando um livro que ganhara, viu um lindo vaso de cerâmica que resolveu reproduzir. Foi até uma olaria e pediu para o artesão fazê-lo no torno. Em seguida foi fazer os acabamentos. Era um vaso Marajoara. Após queimá-lo fez as pinturas reproduzindo as cores Marajoaras (vermelho, preto e branco). Devido a essa curiosidade do pintor letrista "Cabeludo" foi que surgiu uma nova era para cerâmica de Icoaraci. Então "Cabeludo" se interessou pelo assunto e começou a ler sobre o mesmo, e reproduziu várias peças. Isso aconteceu já no início da década de 60. Por isso afirmamos que nesta época - 1960 - é o marco do renascimento da cerâmica Marajoara em Icoaraci, com Antônio Farias Vieira "o Cabeludo", que se dedicou, pesquisou e passou a reproduzir suas peças manuais juntamente com sua numerosa família: filhos, noras e netos, até os dias de hoje.
Muitos foram seguidores deste grande mestre. Vizinhos, amigos e curiosos. Cabeludo começou a reproduzir cada vez mais. Tudo que produzia vendia. Os artesãos também começaram a copiá-lo. Alguns iam trabalhar com ele e depois caminhavam sozinhos em suas olarias. Filhos, genros, amigos começaram a reproduzir para si próprios e a cerâmica Marajoara estilizada toma grandes proporções. O importante é que várias pessoas contribuíram para esse crescimento e foram aperfeiçoando cada vez mais nossa cerâmica.
Surge também uma outra vertente, que seria de se aperfeiçoar o trabalho de reprodução das peças cópias Marajoara, Tapajônica e Maracá. Essa área requeria pesquisa. Encontramos nela o grande Mestre Cardoso, considerado por muitos "nosso maior pesquisador". Raimundo Ademar Zarança Dias, era quem pesquisava junto com o Mestre Cardoso no Museu Emílio Goeldi. Em seguida surgem as reproduções do Mestre Cardoso com sua equipe: Ademar, Gaia, Inês Cardoso e Levy Cardoso. Várias pessoas também trabalhavam na olaria do "Mestre" e foram aprendendo e desenvolvendo o trabalho, mais tarde formaram suas próprias olarias. E o artesanato cerâmico explodiu, rompeu as barreiras e instalou-se nas mais lindas casas, mansões e museus do mundo todo.
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